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Santa Casa de Misericórdia de Passos (MG) divulga boletim sobre internações por Covid-19

No último dia 27 de janeiro, a Santa Casa de Misericórdia de Passos (SCMP) divulgou no sítio eletrônico da instituição um boletim com informações sobre os internados na UTI COVID-19, no período de 1º a 25 de janeiro de 2022.

Fonte: Acervo SCMP.


De acordo com o Informe publicado, dos internados nesse período, 82% são vacinados e apenas 18% não estavam vacinados. São considerados vacinados aqueles que completaram o esquema vacinal com duas doses (ou dose única, no caso da Janssen). Dos internados com Covid-19, já vacinados, 28% deles já haviam tomado a dose de reforço (a chamada 3ª dose).


Boletim: Dados de vacinação internados UTI Covid-19


A SCMP divulgou a seguinte nota, junto com os dados gerais da condição de vacinação dos internados:

A Santa Casa de Misericórdia de Passos, para reforçar o estudo epidemiológico da situação pandêmica na região, disponibiliza o panorama geral de vacinações e comorbidades dos casos de UTI Covid-19 internados na instituição.
Para mais, prezamos pelo sigilo de informações dos nossos pacientes, então dados específicos não serão disponibilizados.
Pedimos que se atentem que pacientes em estado mais grave, majoritariamente apresentam comorbidades, sendo este o motivo do quadro do paciente. Reforçamos também a necessidade em mantermos os cuidados para evitar a transmissão do vírusm, assim como completar o quadro vacinal.

Quadro apresentado pela SCMP:


Quadro-resumo da situação dos internados na SCMP:

O fato mais curioso e alarmante que se pode observar dos dados divulgados com 25 dias de internação na SCMP é que a maioria esmagadora dos internados na UTI COVID-19 (graves e não graves) estavam com o esquema vacinal completo. Do total, quando se isolam os dados dos casos graves, o percentual de vacinados no grupo sobe para 90%, sendo que quase um terço desse número, além do esquema vacinal completo, já haviam tomado a dose de reforço.


O hospital faz a ressalva de que a maioria (77%) dos pacientes internados em estado grave tem comorbidades, tais como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e cardiopatias. Por conseguinte, vale ressaltar que a "promessa" da vacinação era, além de diminuir o contágio (eficácias variado de 50,38% a 95%, dependendo do imunizante) até impedir formas graves e internações.


Exemplos de divulgação na mídia "prometendo" a tal imunidade:





Nessa última reportagem, ainda cita a "verdade científica" do Instituto Butatan:


Os resultados do estudo da fase 3 mostraram que nos casos graves e moderados a eficácia é de 100%. Para os casos leves, 78% e, nos muito leves, 50,38%. Isso significa que temos 50,38% menos chances de contrair a doença. Se contrairmos, há 78% de chance de não precisarmos de qualquer atendimento médico e 100% de certeza de que a enfermidade não vai se agravar.

Quando temos um hospital emitindo um boletim de que 90% dos seus pacientes em UTI, em estado grave, estavam vacinados e que desses, quase um terço já haviam tomado a dose de reforço, fica muito claro que o experimento não deu certo, a promessa de ZERO casos graves e mortes e de que 78% não precisariam de sequer um atendimento médico não se cumpriu.


Os adeptos da 'seita' e sua 'fé cega'


Quando alguém embarca numa canoa furada, se tiver o mínimo de inteligência perceberá com o tempo que era uma canoa furada. Mas, não basta apenas perceber, terá de reconhecer isso e, consequentemente, terá de conviver com o sentimento de que foi feito de trouxa. Para a grande maioria das pessoas, é muito difícil reconhecer isso e, ainda mais, conviver com isso. Para manter a sua psique em dia, ela terá de "inventar" muitas justificativas para si mesmo: "é assim mesmo", "mas, ninguém disse que seria 100%", "nada é 100%", ao mesmo tempo que ficará com um medo ainda maior do que antes, e essas justificativas servirão de mantra para acalmar a sua alma.


Eu só consigo imaginar isso. Outra opção seria por em dúvida a inteligência do ser. Como não desejo entrar em tais especulações, prefiro teorizar que se trata de uma "justificação", em alguns casos até inconsciente, para que a pessoa não "entre em parafuso" e mantenha a sua psique razoavelmente calma.


Nas notícias e comentários feitos na mídia isso fica ainda mais evidente. Por exemplo, as repercussões do boletim comentado nesse artigo também foi publicado no jornal Estado de Minas. Depois que você viu os dados acima e leu os comentários da própria instituição, que título você daria a um artigo que resumisse a notícia? Pensou. Agora veja a manchete do Estado de Minas:

A manchete destaca um fato secundário do relatório. Porquê? A reordenação da psique entra aqui. Imagine-se escrevendo essa notícia e tendo que escolher o título. Você foi vacinado. Que título você escolheria? Será que: Em Passos, 82% dos internados em estado grave na UTI estão vacinados? Claro que não. Você sentiria um misto de medo e incredulidade que sua psique teria dificuldades de processar. Então o ardil psicológico é mentir para si mesmo, para manter por meio disso a necessária paz de espírito.


Nesse artigo do Estado de Minas, consigo observar que a fé cega numa narrativa reconfortante está aliada à falta de capacidade de avaliação da articulista. Exemplo, produziu-se o seguinte texto:


No estudo epidemiológico apresentando pela SCMP, com base no Programa Nacional de Imunizações para produzir o boletim. do total 22% se internaram em estado grave: destes, 10% não vacinados, 90% vacinados; 77% tinham comorbidades e 69% não tomaram o reforço vacinal.

Essa descrição foi produzida pela jornalista por meio de uma técnica muito estranha de se juntar palavras que aparecem em determinado texto, articulando essas palavras com alguns conectivos aleatoriamente. Por que digo isso?


A nota publicada pelo Hospital não foi um estudo, apenas um boletim, ou informe, da situação de vacinação dos internados. Os dados da nota publicada tem o interesse (conforme pode-se depreender facilmente da leitura do boletim) de colaborar com eventuais estudos epidemiológicos. A confusão na leitura do Boletim pelo Estado de Minas é constrangedor.


Mas não para por aí! Observe que na citação acima, se diz o tal estudo foi feito com base no Programa Nacional de Imunizações. Essa é de chorar! Se você for no sítio eletrônico do Hospital, onde está a nota (clique aqui), verá que não é nada disso. Diz apenas que as vacinas são provenientes do Programa Nacional de Imunizações (e não o tal estudo, que não é um estudo!).


Quando o nível de leitura de jornalistas em grandes veículos de imprensa é assim, entende-se tudo!


Cobertura vacinal em Passos, MG

Do quadra acima, depreende-se que, na média do período:

  • 18,2% da população não está vacinada ou não completou o esquema vacinal proposto que possa considerá-la "imunizada";

  • 81,8% da população completou o esquema vacinal, sendo que 24,1% dessa mesma população tomou a dose de reforço.

Coincidentemente, o perfil da cobertura vacinal da cidade é muito semelhante ao perfil vacinal dos internados, fazendo crer (de acordo com essa amostra) que a vacinação não está fazendo diferença neste público.


Mesmo que os internados desse período não sejam todos da cidade de Passos, o perfil da cobertura vacinal não se altera tanto no Estado.


Conforme, nota do próprio Hospital os dados estão sendo disponibilizados de forma transparente para contribuir para estudos epidemiológicos na região. É necessário que esses números (e outros ainda) sejam compilados e que profissionais da área façam uma análise justa, isenta de viés.


Uma pergunta: se estivessem internadas pessoas com sarampo e fosse constatado que 82% dessas pessoas tinham sido vacinadas, o que concluiríamos da eficácia dessas vacinas? Tem algum problema com a vacina? Tem algum problema com o lote específico para determinada região? Houve uma variação tal no vírus que tornou a vacina ineficaz? Muitas perguntas surgiriam. A única coisa que não aceitaríamos é que é assim mesmo. Não ficaríamos insistindo que está funcionando, quando vemos com os próprios olhos que não está.


Isso seria abdicar do raciocínio lógico e se entregar a uma fé cega, sem questionamentos.




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